Como já conversamos anteriormente, o PRP é um método bem popular no mundo da ciência e da mídia.
Mas quando olhamos nos trabalhos publicados sobre o assunto, percebemos que eles apresentam resultados diferentes sobre as mesmas questões, como a sua eficácia e a ação.
E creio que agora você se perguntou: “Por que essa variedade de resultados existe?”, certo? Bom, é simples: ainda não existe consenso na literatura sobre a melhor forma de preparar e descrever todas as variáveis presentes no PRP. Entenda:
Por que eles são diferentes?
Desde que o PRP surgiu na área da odontologia, vários estudos relatam diferentes formas de preparar o PRP. Em geral, os métodos concordam em alguns pontos, como a coleta de sangue periférico (composto por hemácias, leucócitos e plaquetas) usando anticoagulante e depois a centrifugação.
Contudo, justamente no processo de centrifugação é que esses métodos começam a se diferenciar em questões como a velocidade e tempo, o número de centrifugações, as frações do plasma coletado e o uso ou não de ativadores.
Ou seja: esses diversos fatores que podem ser combinados de diversas maneiras. O resultado? Diferentes tipos de composição de PRP. Entendeu?
Como isso é visto na prática?
Para os órgãos formais, essa variedade de composições são variáveis de relevância e os tipos de PRP são classificadas de diversas maneiras, principalmente em relação ao uso ou não de ativação, a concentração de plaquetas, os fatores de crescimento e se ele possui ou não leucócitos.
L-PRP E P-PRP
Os dois tipos mais comuns e que são o foco das discussões da atualidade são o L- PRP e o P-PRP e é sobre eles que vamos falar. Comecemos pelo L-PRP:
Conforme já conversamos, o L-PRP possui uma camada de leucócitos ou células brancas, que é chamada de “buffy-coat”. Existem vários tipos de leucócitos: neutrófilos, monócitos, linfócitos, eosinófilos e basófilos. Os que são em maior quantidade são os neutrófilos e linfócitos.
Já o P-RPR tem apenas as plaquetas e o plasma (em pequena quantidade), além de seus fatores de crescimento e outras biomoléculas.
A discussão acerca do uso dos leucócitos:
Alguns especialistas defendem a presença de leucócitos para o tratamento de lesões traumáticas, porque eles possuem papéis bem importantes, como por exemplo:
-Estimulam a resposta imune contra infecções;
– Mobilizam células que são atraídas por estímulos – Processo chamado de quimiotaxia;
– Estimulam a proliferação e diferenciação de células;
-Ajudam na produção da matriz extracelular;
-Participam da formação de novos vasos sanguíneos -processo chamado de angiogênese.
Outros especialistas, contudo, dizem que o uso dos leucócitos promove a liberação de citocinas inflamatórias, como o IL- 1β, TNF-α, espécies reativas de oxigênio (EROS) e as metalproteinases, que são enzimas relacionadas ao processo de remoção da matriz extracelular (catabolismo). Essas moléculas podem ser danosas quando a lesão apresenta grande quantidade e por um período de tempo prolongado.
Quando estudamos o processo cicatricial, percebemos que o processo inflamatório faz parte da fase inicial da cicatrização e é inclusive necessária para que a cicatrização dos tecidos possa acontecer. Por isso o uso dos leucócitos é tão discutido.
Concluindo:
Portanto, como existem vários métodos de PRP, é importante entender os efeitos inflamatórios e o potencial de cicatrização do L-PRP e do P-PRP.
E ah, na hora de decidir qual tipo de PRP usar, é só levar em consideração o tipo de lesão do paciente: o objetivo do médico deve ser sempre obter o melhor efeito biológico e ajudar na sua recuperação.