A Relação entre Dieta e dor

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A dor é um processo complexo: isso é fato. Vários fatores estão diretamente relacionados a essa experiência, dentre elas a dieta – esse é nosso assunto de hoje. 

Vários estudos atuais chamam atenção para a relação entre fatores dietéticos e nutricionais e a dor crônica. Muitos distúrbios são o foco dessa análise, como dor abdominal, dores neuropáticas, osteoartrite, dores oncológicas e lombalgia. 

Um estudo recente mostrou que ações nutricionais com ingestão de nutrientes específicos podem resultar em algo extremamente relevante: o alívio significativo da dor em pacientes crônicos. 

Agora veja bem: uma das  alternativas que explica esses efeitos positivos é que eles são apenas consequência da perda de peso. Porém, mesmo que isso seja verdade, ainda existe um outro ponto que deve ser considerado: existe uma relação entre o uso de analgesia e a amplificação da dor. 

Eu explico: os potenciais benefícios dos analgésicos podem sugerir uma ligação à sensibilização do sistema nervoso central (SNC). Ou seja, é como se esses remédios agissem amplificando a sinalização neural, o que causa uma hipersensibilidade e má adaptação à dor. 

Com essa relação em vista, uma dieta repleta de alimentos inflamatórios e pobre em nutrientes causaria um estresse oxidativo no corpo, o que ativa as vias de sinalização da dor. 

A mais famosa dessas vias é a ativação dos receptores Toll-like (TRLs), que pode causar uma inflamação do sistema nervoso central através do aumento da atividade das células da glia – células que amparam os neurônios e funcionam como um sistema imune próprio do sistema nervoso. 

Estudos com trabalhos em animais e em pacientes com dores lombares e fibromialgia mostraram que a ativação  dessas células está diretamente ligada à sensibilização central.

Células da glia hiperativas secretam moléculas chamadas mediadores inflamatórios, aumentando a excitabilidade neuronal e a transmissão de impulsos nervosos nas vias da dor, processo que resulta na sensação de dor que sentimos. Ou seja, esse processo fica ainda mais sensível e com isso, sentimos dor mais intensamente e perdemos a inibição da dor na região da medula espinhal (corno dorsal), o que facilita a interpretação e memorização do cérebro do estímulo doloroso. 

Esses são motivos mais do que o suficiente para que se desenvolvam tratamentos multidisciplinares como intervenções dietéticas, terapia farmacológica e procedimentos menos invasivos para dores crônicas, tudo isso saindo do princípio de que a alimentação, se inflamatória, pode contribuir para a hipersensibilização do Sistema Nervoso Central.

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