Inicio esse conteúdo com a seguinte pergunta: você já ouviu falar em úlceras crônicas?
Por elas serem um problema de saúde bem comum, eu creio que sim. Mas explicando exatamente, úlceras crônicas são feridas que não cicatrizam por um período maior que um mês. Além de comuns, elas são bem relevantes pois impactam na qualidade de vida pessoal, profissional e social dos pacientes.
O tratamento dessas feridas exige grande investimento financeiro, com altos custos em termos de materiais e de trabalho humano. Por tudo isso, elas são consideradas um sério problema de saúde pública.
A mais comum das úlceras crônicas:
Dentre vários tipos e classificações de úlceras crônicas, as mais comuns são as úlceras venosas de perna, que surgem devido à insuficiência venosa no local, o que leva ao acúmulo de sangue e, consequentemente, ao surgimento dessas feridas.
O uso do PRP no tratamento das úlceras crônicas:
Essa não é a primeira vez que falamos do uso do nosso conhecido PRP no tratamento de algumas condições, mas sim: o uso do plasma rico em plaquetas autólogo, ou seja, usar o PRP do paciente para tratar suas próprias feridas, pode ser uma potencial terapia.
Isso é porque ele possui vários fatores de crescimento, além de mais de 1000 biomoléculas que podem auxiliar no processo de reparação tecidual.
A medula óssea autóloga também pode ser uma terapia relevante para o tratamento dessa condição por conta da sua composição celular e capacidade de sinalização molecular. Mas nesse caso, ressaltamos que poucos estudos estão sendo feitos no mundo para avaliar a eficácia.
O que dizem os estudos:
O estudioso Margolis, juntamente com seus colaboradores publicaram um estudo no qual analisaram 26.599 casos de úlceras neuropáticas (causadas por doenças que provocam a perda da sensibilidade das pernas e dos pés) de pés diabéticos.
Esse estudo verificou que o uso do PRP no tratamento das úlceras foi mais eficiente quando comparado às terapias convencionais. O resultado foi ainda melhor em feridas mais graves.
O segundo estudo que citaremos aqui foi realizado em 2017, quando o estudioso Gupta e seus colaboradores publicaram um artigo sobre o uso da medula óssea fresca ou cultivada para ajudar na cicatrização das feridas úlceras crônicas, o que diminuiu casos de infecção e de necrose (morte) dos tecidos.
Esse estudo contou com 75 pacientes, dos quais 50 utilizaram aspirado ou cultura de medula óssea e 25 utilizaram curativos de salina como forma de tratar a ferida.
As células foram cultivadas por 72 horas dos pacientes sob condições assépticas. O uso da medula óssea, seja fresca (BMA) ou cultivada, apresentou melhores resultados: a área da úlcera foi significativamente reduzida, mais do que quando comparada ao grupo que usou o curativo como controle.
E o melhor: o estudo considerou o procedimento seguro, sem complicações e com bons desfechos clínicos, o que traduzindo para nossa linguagem do dia a dia, quer dizer que foi um sucesso!
Concluindo:
Por conta do grande impacto social e econômico que os pacientes acometidos por úlceras crônicas sofrem, o uso do PRP é bem relevante para o tratamento.
Os relatos na literatura dizem que o uso das terapias biológicas autólogas em cicatrização de úlceras possui resultados positivos, não causa complicações, reduz o tempo de cicatrização e o risco de amputação e com isso, melhora em muito a qualidade de vida do paciente.