Terapia com Plasma Rico em Plaquetas (PRP): Divergências na literatura

Bom, como você já sabe o PRP é um método bastante falado na mídia e no mundo científico, e temos uma grande quantidade de estudos que abordam sua segurança e eficácia sendo publicados. Hoje em dia, contribuem para a publicação desses estudos áreas como ortopedia, medicina esportiva, estética, úlceras crônicas, odontologia, veterinária e outras. 

Mas esses estudos apresentam uma variedade de resultados, o que gera debate sobre a sua efetividade.

Por que essa diversidade de resultados existe?

É isso que vamos discutir no post de hoje, além de entendermos o que fazer para identificar, em meio a tantos, os estudos de maior qualidade. Vamos lá?

Essa diversidade de resultados existe principalmente por conta de dois fatores: as diferenças nos protocolos de preparo do PRP e as avaliações subjetivas feitas nos pacientes. 

Vamos entender primeiro a questão das diferenças nos protocolos de preparo:

Os métodos de preparo do PRP são extremamente variáveis. Eles podem ser feitos a partir de kits comerciais ou métodos manuais. No Brasil, os kits não são muito usados por conta de seu custo, que é bem alto, mas cada um deles resulta em uma recuperação de plaquetas e um tipo de PRP diferente (seja ele o rico em leucócitos (L-PRP) ou pobre em leucócitos (P-PRP)). 

Atualmente, não encontramos nos estudos científicos um consenso a respeito do melhor protocolo de preparo. Dessa forma, como o produto utilizado em cada estudo é diferente em termos de concentração de células e fatores de crescimento, os resultados obviamente também serão diferentes.

O método manual de preparo do PRP também apresenta as mesmas variações de protocolo de preparo, seja elas no número de centrifugações (normalmente duas, mas alguns protocolos realizam uma ou até três), velocidade e tempo de centrifugação e na forma de coleta do plasma (uso ou não do buffy-coat, que é a camada de células brancas). 

Os métodos de avaliação dos estudos:

Nesses estudos, o método mais usado é a avaliação por questionário de auto-relato. Elas são consideradas subjetivas porque há uma dificuldade em mensurar corretamente a dor ou o mal estar do paciente, além de não poder afirmar se ele compreendeu corretamente as questões. 

O que verificar ao avaliar um estudo:

Por isso, quando avaliamos um estudo de PRP é muito importante verificar a metodologia de preparo e caracterização do PRP. Ela deve deixar claro os números de plaquetas e leucócitos e a quantificação dos fatores de crescimento. Além disso, devemos verificar qual o protocolo de avaliação dos resultados, e sempre prestar atenção a estudos com avaliações funcionais e uso de questionários. Esses métodos são mais fidedignos, apesar de sempre haver viés. 

Concluindo: 

A avaliação de eficácia e segurança de uma terapia é um trabalho que pede muito estudo e experiência. Devemos sempre avaliar os trabalhos publicados com um olhar crítico e prestar atenção nos detalhes, para somente então definirmos um modelo de estudo mais elaborado, com o objetivo de diminuir a quantidade de viés e encontrar respostas sobre sua real função em determinada doença.

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