Já ouviu falar em PRP?
Atualmente, o Plasma Rico em Plaquetas, abreviadamente conhecido como PRP, tem conquistado a atenção do mundo científico por conta de suas propriedades bem importantes. É por isso que, a cada dia, temos mais publicações e reportagens que falam sobre esse tipo de terapia, que é bem eficaz no tratamento de fraturas, lesões tendíneas, musculares e cartilaginosas.
Mas por que o PRP tem os efeitos que tem? Por que ele pode ser usado em uma série de aplicações?
Para ter essas respostas, é preciso primeiro entender a composição do PRP, já que é ela a grande responsável por suas propriedades.
O PRP é composto principalmente por componentes celulares e moleculares. Vamos por partes:
Componentes celulares: são representados pelas plaquetas, que são “pedaços” bem pequenos de células, e pelas células periféricas mononucleares coletadas no preparo do PRP, que passa a se chamar então L-PRP (PRP rico em leucócitos).
Componentes moleculares: os relevantes no PRP são os fatores de crescimento e uma grande família de proteínas que conseguem controlar as células do sistema imunológico e de outras células. Ou seja, eles são imunomoduladores.
Falando um pouco mais sobre a fração celular:
O que define um plasma como PRP é a sua concentração de plaquetas, que é bem acima do valor normal médio de 300.000/ul no sangue. Outros componentes celulares presentes no PRP são células chamadas mononucleares do sangue, que são os monócitos (2 – 10%), linfócitos T e B (20-45%) e células progenitoras. Mais uma vez, vamos por partes:
Os monócitos são agentes que atraem as demais células para o local que precisa de reparo tecidual. Eles também apresentam uma característica conhecida como plasticidade, que faz com que seja possível para eles assumir características de células de outras partes do corpo e se converter em M1, que é um tipo inflamatório e M2, um tipo regenerativo.
Quanto às células progenitoras, mesmo em pouca quantidade no sangue, elas possuem a habilidade de se diferenciar em outras células. É como se elas se especializassem e assim, secretam moduladores importantes no reparo tecidual, auxiliando nesse processo.
Os neutrófilos também estão presentes no PRP e são bem importantes, pois eles defendem o hospedeiro e chamam outras células para irem ao local da infecção ou regeneração. Além disso, os neutrófilos também produzem algumas moléculas importantes para o processo de regeneração tecidual.
Falando agora da fração molecular:
A maior e mais estudada parte desta fração são oriundas das plaquetas. Isso porque elas possuem em seu interior dois tipos de grânulos, chamados alfa e denso. Dentro desses grânulos existem muitas moléculas que são liberadas a partir da ativação plaquetária. Essas moléculas ou fatores de crescimento regulam a migração, a proliferação celular e tem papel importante no processo inicial da cicatrização. Deu pra entender porque elas são tão estudadas, né?
E claro, não podemos esquecer das citocinas, que entre a vasta gama de moléculas, compreendem proteínas que podem modulam nosso sistema de defesa. Os tipos mais famosos de citocina são os IL-1, IL-4, IL-6 E IL-10. Essas proteínas são secretadas por células do sistema imunológico e podem agir de três formas: em si mesmas (autócrina), em células bem distantes (endócrina) ou na vizinhança (parácrina). As citocinas IL-4 e IL-10 possuem propriedades anti-inflamatórias, enquanto as IL-1 e IL-6 possuem propriedades pró-inflamatórias.
E além de todas essas, existem várias outras moléculas presentes no PRP que ainda estão sendo estudadas.
Bom, pra concluir: o PRP tem uma variedade enorme de células e moléculas que são injetadas no local da lesão. Como ele tem proteínas tanto pró quanto anti inflamatórias, o ambiente em que essas células são inseridas, junto com os estímulos que recebem é que vão ditar como a liberação de proteínas vai ser, podendo inclusive alterá-la.
Por conta dessa incrível capacidade de alteração é que o PRP tem sido estudado e caracterizado, de modo a alcançar o melhor efeito biológico eficaz no paciente.